Negócios

O que a Casa de Papel nos ensinou sobre o sucesso do negócio

por Mariana Pimentel | 14 Dezembro, 2021

Como é que um assalto pode influenciar de forma positiva um negócio? À primeira vista, de forma nenhuma. Mas se pensarmos naquele golpe pensado pelo Professor e orquestrado pelo resto do grupo, certamente que a Casa de Papel mostra pontos positivos por onde se guiar para conseguir suceder.

 

Com o final da série que prendeu milhões de pessoas ao ecrã durante 5 temporadas, é certo que nem tudo correu bem – longe disso – mas é essa a primeira lição que tiramos para o nosso negócio: nem tudo é um mar de rosas e os imprevistos acontecem.

 

A Casa de Papel narra todos os detalhes de um assalto à Casa da Moeda e, mais tarde, ao Banco de Espanha. Mas, mais do que mero entretenimento, a série representa também pontos relevantes de um negócio e questões que podem ser postas em prática, seja em áreas de liderança, marketing, finanças, vendas ou comunicação. As opções são infinitas.

 

Afinal, quem não gostava de ter a perícia do Professor? Ou a coragem de Berlim? Ou a persistência da Tóquio? Ou a determinação da Nairobi?

 

Tal como na série, também num negócio, além do pensamento lógico, montar boas estratégias requer boas doses de inspiração. Mas há algo que é preciso separar da série antes de começarmos: nos negócios está tudo dentro da legalidade.

 

Quais as lições de negócio que a Casa de Papel nos ensinou?

 

Boas estratégias começam com uma boa equipa

 

Todos os negócios precisam de bons profissionais. Ter uma boa equipa é a chave para seguir um planeamento estruturado e alcançar os objetivos traçados.

 

Na série “A Casa de Papel”, o personagem conhecido como o Professor, mostra-nos que é esse o passo essencial para chegar à meta idealizada antes de iniciar a sua empreitada criminosa. Ele reúne um grupo de pessoas escolhidas “a dedo” com diversas especialidades – pessoas que se complementam – e pensa no papel de cada uma delas no plano que estruturou antes de as recrutar.

 

Assim como acontece numa empresa, o Professor reúne bons profissionais que conseguem dar conta do recado. Seja imprevisível e pense fora da caixa. É este o trunfo do Professor e é este o trunfo de qualquer gestor.

 

A confiança é a alma do negócio

 

E de bons profissionais surge a confiança. É o fator chave para que todo o plano corra bem, mesmo quando existem contratempos.

 

Mesmo quando tudo está a correr mal, o grupo confia no Professor e no seu plano, mesmo quando não sabem o que esperar a seguir. E a Casa de Papel é o pináculo dos contratempos e reviravoltas. A confiança funciona de ambas as partes: o grupo confia no Professor e o Professor confiou em cada um deles para executar o seu plano. E só assim é possível vencer em qualquer cenário.

 

Por isso, escolha rodear-se de pessoas que confiam em si e confie nos outros. É importante fazer com que todos os envolvidos se sintam parte de algo real e importante. Tal como o Professor fez do seu plano o plano de cada um deles – ou tal como o propósito do gangue se tornou o propósito de uma legião de fãs – nos negócios é igual: o objetivo é comum. É isso que vai fazer com que cada um dê o seu melhor.

 

O plano B (e C, D, E ou F) é tão importante como o plano A… e deve ser tão bem pensado!

 

Isto leva-nos ao ponto seguinte. Um plano só funciona se existirem alternativas. E alternativas tão bem pensadas e estruturadas como a primeira opção.

 

A Casa de Papel mostra-nos cenas onde é comum ver o grupo a implementar rapidamente um plano B, como quando são encurralados na Casa da Moeda por forças policiais fortemente armadas ou quando o exército entra no Banco de Espanha ou mesmo quando o Professor tem de se entregar no final da série. Mas, além de, muitas vezes, ser organizado um plano à “última hora”, a Casa de Papel mostra a importância de ter planos B, C, D, E ou F tão bem estruturados e pensados, mesmo antes de ser executado o plano A.

 

Antes de dar sinal de partida ao plano A, o Professor estudou, por muito tempo, o seu alvo e pensou em todas as variáveis, cenários e alternativas. O Professor previu que iria estar uma multidão de apoiantes à porta do Banco de Espanha e usou isso como arma, previu que o Rio iria entrar no Banco de Espanha com escutas, previu que, ao entrar uma equipa de médicos na Casa da Moeda, iria estar infiltrado um polícia. E para todas estas situações, tinha uma solução.

 

A capacidade de se antecipar aos acontecimentos é outro ponto importante às estratégias de negócio. É, por isso, fundamental, analisar as hipóteses de sucesso e de erro. Em situações em que o plano A vai “por água abaixo”, ter um plano B forte e bem estruturado pode significar a continuidade do negócio. A lição de negócio é simples: tenha sempre uma “carta na manga” e antecipe-se a qualquer cenário.

 

Alianças estratégicas funcionam

 

Não são poucos os exemplos que a Casa de Papel nos mostra de alianças estratégicas que funcionam para um objetivo comum.

 

Quando o Professor se aliou à sua maior inimiga, a inspetora Sierra, tudo começou a dar certo, não só para ela, como para ele. A fuga, o esconderijo e mesmo a confiança que depositou nela quando se entregou foram a chave para conseguir tirar o grupo de assaltantes do Banco. Com um objetivo comum, também a aliança com o Coronel Tamayo para aceitar peças de latão ao invés do ouro, trouxe benefícios para os dois.

 

Quando começamos a olhar para a nossa concorrência direta ou indireta não como um inimigo, mas como uma oportunidade, certamente começam a surgir alianças estratégicas que nos podem salvar. A nós ou ao nosso negócio.

 

Olhar para a concorrência não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de analisar o que foi bem feito e fazer ainda melhor ou o que não fazer é a melhor forma de tirar o máximo partido dos nossos “inimigos”.

 

Mas, tal como a Sierra ao Professor na 5.ª e última temporada, “Não te iludas, eu não sou tua amiga”, a verdade é que conhecer a concorrência, não significa tornar-se uma cópia dela e agir conforme o que resulta para os outros. É tudo uma questão de estratégia.

 

A imagem é o que define a marca e os seus valores

 

Nem precisamos de explicar este ponto. Quando pensamos sobre a Casa de Papel, pensamos nos macacões vermelhos, nas máscaras de Dali e na música Bella Ciao. Foi esta a imagem solidificada pelos objetivos morais da série que passou a simbolizar a resistência, na ficção e na realidade. É comum vermos a cara de Dali em paredes nas ruas portuguesas, máscaras estas que apenas remetem para uma coisa: a Casa de Papel. Não há quase ninguém que não oiça o hino da série, Bella Ciao e não a associe à Casa de Papel. Basta pesquisar no Google e o primeiro resultado remete para a série.

 

Com uma cor tão banal, um fato comum, uma música já conhecida e uma máscara de um pintor, a Casa de Papel fez destes elementos a imagem da série. E não há volta atrás. Mas não só! Estes elementos tornaram-se o propósito de uma legião de fãs que seguem o gangue e transformaram os seus valores nos valores deles próprios.

 

E esta estratégia é também o braço de ferro de qualquer negócio. Apostar na imagem – um logotipo, uma cor, grafismos característicos e representativos – é o que define uma marca. É a partir destes elementos que os consumidores vão reconhecer a marca e os seus valores.

 

A arte da negociação

 

A arte de negociar é só um dos aspetos mais importantes dos negócios. Seja negociar com fornecedores, com clientes ou com parceiros de negócios, ter os argumentos certos, na hora certa é o ouro de qualquer negócio.

 

A Casa de Papel faz transcender esta arte para além das barreiras de negociação baseada em factos e toca no sensível aspeto da perceção de valor. Com uma jogada de mestre, o Professor conseguiu argumentar, não apenas que os interesses do seu grupo fossem atendidos, mas também os interesses gerais das autoridades, através da substituição do ouro por cobre, conseguindo solucionar um problema antes que a situação fizesse com que a Espanha entrasse em turbulência económica.

 

Recuperando o aspeto fundamental que são as alianças estratégicas, aliadas à arte da negociação, o Professor e o coronel Tamayo articulam um plano para que todos acreditassem que o ouro havia sido recuperado e os criminosos mortos.

 

Que lição tiramos daqui? A negociação é a alma do negócio!

 

A importância do time-to-market

 

Seja quando o professor planeou a entrada de uma equipa de televisão na Casa da Moeda ou quando o Professor revelou a sua identidade ou mesmo quando o gangue transmite mundialmente um vídeo em que contam como roubaram o ouro, justamente no momento crucial quando precisavam de ameaçar o Governo com uma crise nunca antes vista.

 

Rodeie-se das ferramentas certas para alcançar o objetivo

 

Seja de uma boa equipa, dos materiais necessários para um assalto à Casa da Moeda ou ao Banco de Espanha, como carros blindados do exército, armas, fatos ou máscaras, bombas de extração de ouro ou um furão que simulou a saída do grupo do Banco de Espanha, ter as ferramentas certas é fundamental para o sucesso de um negócio.

 

Nas empresas, estas ferramentas são outras: é um software de gestão para acompanhar o negócio ao pormenor e não deixar escapar nenhuma etapa do plano. Com o Jasmin, prever o futuro e todos os cenários possíveis é simples. A inteligência do Professor é substituída por mecanismos de inteligência artificial que apresentam insights sobre como está a correr o negócio e o que esperar no futuro, para que possa tomar as decisões certas, no momento certo e ter sempre o plano A, B ou C bem estruturado e pronto a ser posto em prática.

 

Muna-se de todas as armas possíveis e conquiste o grande objetivo: o sucesso numa missão só é impossível quando não estamos munidos das ferramentas certas.

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